Ação, realizada no âmbito do projeto “Maria Vai à Escola”, alcançou cerca de 120 alunos e contou com a presença da titular do Juizado, magistrada Ana Paula Braga Bussulo.
Atuar como multiplicadores do combate à violência contra a mulher em todos os seus aspectos. Esse é o sentimento expressado por vários dos cerca de 120 alunos e alunas do 3.º ano do ensino médio que participaram, na manhã de terça-feira (14/03), no auditório da Escola Estadual Terezinha Almeida da Silva, no Alvorada, zona Centro-Sul, das atividades do “Projeto Maria Vai à Escola”, do Tribunal de Justiça do Amazonas.
A atividade foi realizada pela Equipe Multidisciplinar do 3.° Juizado Especializado no Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher (“3.º Juizado Maria da Penha”), que tem como titular a juíza Ana Paula de Medeiros Braga Bussulo, e integrou as ações do “23.ª Semana Justiça pela Paz em Casa”, promovida pelo Tribunal no período de 6 a 10 deste mês.
Além disso, a atividade compôs a programação da “Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher”, organizada pela Rede Estadual de Ensino, em observância à Lei Federal n.° 14.164/2021), e que aconteceu de 7 a 14 deste mês dedicado às mulheres, visando a levar informações sobre a “Lei Maria da Penha” aos jovens e promover reflexões acerca da violência de gênero e suas formas de enfrentamento.
Na sua fala aos estudantes, a juíza Ana Paula Braga destacou a importância do encontro e da troca de experiências com os estudantes, tanto para dar conhecimento sobre o trabalho dos “Juizados Maria da Penha” quanto para contar com a atuação dos jovens para difundir o combate à violência contra a mulher.
“Os alunos podem se sentir acolhidos e transportar para dentro dos seus lares e de seus grupos de convivência social os conceitos que expusemos sobre a violência doméstica. O que buscamos com essas ações educativas é impactar em uma regressão da violência doméstica e familiar contra a mulher e para isso é importante conhecer, também, os mecanismos de combate. Esperamos que nenhum desses jovens precise recorrer a esses mecanismos, mas é importante estarem preparados e saberem como lidar com a situação”, explica a magistrada.
Além da juíza titular, também participaram da atividade o diretor de secretaria do “3.º Juizado Maria da Penha”, Felipe Batista das Chagas; a assistente Social Rafaela Ramos; a psicóloga Hillene Freire Freitas; as estagiárias de Psicologia, Markell’s Bastos e Rayanne Raio e; a estagiária de Serviço Social, Yohanna Vale.
A equipe multidisciplinar utilizou recursos audiovisuais e pedagógicos como proposta de ação socioeducativa, além de palestras ministradas pela assistente social Rafaela Ramos e psicóloga Hillene Freire Freitas.
Multiplicadoras
Ana Clara Queiroz Soares, de 17 anos de idade, uma das estudantes que participou da atividade promovida na Escola Estadual Terezinha Silva, disse que a atividade foi importante para “formar multiplicadores da antiviolência”. Ela conta já ter presenciado violência física e verbal de um garoto contra sua colega. “Uma das minhas amigas tinha um relacionamento abusivo: o namorado a agredia fisicamente na nossa frente”, relembra ela.
Espectadora de uma palestra do tipo pela primeira vez na vida, a aluna Larissa Kethlen, 16, comentou sentir falta de um maior debate sobre o assunto nas escolas.
“Esse projeto realizado nas escolas é algo muito importante já que muitas escolas não costumam ter tantas palestras sobre a violência contra a mulher. Em alguns casos, muitos adolescentes que têm namorada costumam bater nelas, sem ter consciência. Palestras como a de hoje podem ‘abrir’ mais a cabeça dos jovens e como a violência pode afetar principalmente as mulheres, de como eles podem ajudar, o que não devem fazer e como conversar com outras pessoas sobre o assunto. As crianças do ensino Fundamental também deveriam ter acesso a este tipo de atividade, pois às vezes a violência acontece dentro de casa e nem sempre a própria criança ou adolescente sabe como pedir ajuda”, opina a jovem.
Sentado ao lado dela, o aluno Jorge Gabriel, 17, disse que o evento foi importante porque cumpre o papel de conscientizar sobre a violência contra a mulher e ensina as pessoas que a violência é algo errado. “Esse projeto cria uma reflexão na cabeça das pessoas e dá uma certa força na mulher porque ela tem que denunciar ao ser vítima de violência. Elas se sentem acuadas e não denunciam. É importante justamente para espalhar esse movimento e dar força para as mulheres. Felizmente nunca presenciei violência contra mulher”, contou o aluno do 3o ano do Ensino Médio.
Em sociedade
Para o gestor da Escola Estadual Terezinha Almeida, Wendell Basílio, a iniciativa do Poder Judiciário representa um momento importante neste mês de março para oportunizar, a alunos e alunas, um entendimento sobre a importância, e o cuidado que se tem, de todo o contexto social e a representação da mulher em toda a sociedade.
“Entendemos que essa ação representa um fundamento muito importante para a base social dos nossos alunos. E a parceria da CDE 3 da Seduc com a nossa escola e o Tribunal de Justiça é de fundamental importância para que haja até um respaldo legal de argumentos sobre os assuntos abordados”, disse o educador.
A assistente social Suziane Silva e a psicóloga Dayane Mouzinho, da equipe psicossocial da Coordenadoria Distrital de Educação 3 da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), exaltaram a parceria com o Poder Judiciário. “Colocamos as escolas à disposição pois sabemos que, quando há conhecimento, os alunos vão saber onde procurar e ter ajuda”, disse Suziane Silva.
“Tratamos aqui das consequências que a violência traz para a vida da mulher – físicas, psicológicas, sexuais -, então, é importante que sejam dadas essas informações até para alunos que talvez vivenciem algum tipo de violência em casa, com familiares. Essas informações são importantes para eles levarem adiante e buscarem ajuda quando precisarem”, destacou Dayane Mouzinho, ressaltando que existe o Disque-100, canal por meio do qual qualquer violência pode ser denunciada.
#PraTodosVerem – a foto principal que ilustra a matéria mostra a juíza Ana Paula Braga (em pé, de camisa branca e saia preta) falando aos alunos da Escola Estadual Terezinha Silva. Os estudantes estão sentados na plateia.
Paulo André Nunes
Fotos: Marcus Phillipe
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