Evento insere o Cemej11 na 17ª Primavera dos Museus que, nesta edição, é focada na visibilidade de minorias sociais
Um refúgio para o público LGBTQIAPN+ funcionando na década de 1970, em Manaus. Esse é o tema do livro “Um bar chamado Patrícia: Relatos do início do movimento gay em Manaus”, que teve uma sessão especial de vendas e autógrafos, na última segunda-feira 18/9, no Centro de Memória da Justiça do Trabalho (Cemej11) do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR), localizado na Rua Barroso, Centro.
O evento de apresentação do livro insere o Cemej11 na 17ª Primavera dos Museus,promoção do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que procurou relevar a“Memória e Democracia: Pessoas LGBTQIAP+, Indígenas e Quilombolas”. Além do livro, o evento expôs fotos e um vídeo com imagens do acervo pessoal do autor, o estilista amazonense Bosco Fonseca. “Eu costumo dizer que é a história do movimento antes de qualquer nomenclatura, quando as pessoas eram chamadas apenas de ‘gays’”, diz o autor, demonstrando o pioneirismo do bar,na visibilidade e organização da minoria, em Manaus.
Com localização original na Avenida Constantino Nery, próximo ao Bosque Clube, o ‘Patrícia” surgiu da necessidade dos homossexuais de Manaus terem um local para frequentar. “Eles eram proibidos de entrar nos outros clubes da cidade, como o Rio Negro, um dos mais famosos. Aí se concentravam, muitas vezes, nas praças como a do Congresso (na Avenida Eduardo Ribeiro, Centro), então o “Patrícia” foi mesmo um refúgio”, destaca a jornalista e coorganizadora do livro, Nívea Rodrigues, que trabalhou o material de Bosco Fonseca com o também jornalista Carlysson Sena. O material foi publicado em parceria com a Editora Reggo de Manaus.
De acordo com Bosco Fonseca, o bar deixou como legado os primeiros eventos para o público LGBTQIAPN+, como shows de transformistas, rainha gay do Carnaval, concurso de miss gay, entre outros. Enfatiza que o local também era freqüentado pelas famílias de Manaus. “Porém, em um Estado de exceção como vivia o País naquele período, a intolerância às vezes batia às portas do bar, ocorrendo vários episódios de invasões de policiais, de agressões e condução para a delegacia”, acrescenta a jornalista Nívea Rodrigues.
Primavera de Museus
A “Primavera dos Museus” acontece, todos os anos, em setembro e envolve museus e instituições culturais de todo o Brasil. A participação do Cemej11 no evento reflete o compromisso da instituição e do TRT-11 em preservar e divulgar a memória da cidade como um todo. “É importante que isso aconteça, que o Cemej seja um lugar da memória da cidade e do Estado”, disse a diretora do Centro de Memória, desembargadora Solange Maria Santiago Morais.
O presidente do TRT-11, desembargador Audaliphal Hildebrando Silva, parabenizou o autor do livro e destacou sua importância para contribuir com a inclusão e o combate a toda forma de discriminação. “Parabéns pela coragem de manter esse bar durante a ditadura. Há muita hipocrisia ainda no País. O ser humano é plural, o Brasil é plural, é diverso. Todo mundo tem que ser tratado com respeito, com dignidade, independente de ser negro, indígena, mulher, LGBTQIAPN+”, afirmou o presidente.
Coordenadoria de Comunicação Social
Texto: Emerson Medina
Fotos: Andréia Guimarães