Próximo de se aposentar, a servidora Laurineide da Silva Paiva, matrícula funcional n.º 36, lotada na Coordenadoria de Distribuição de 1.º Grau do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), guarda muitas memórias do processo de modernização do Judiciário amazonense. Há quase quatro décadas, lotada no mesmo setor, vinculado à Corregedoria, a vida dela se mistura à história da instituição.
“Esperança”, este foi o primeiro sentimento manifestado pela servidora Laurineide da Silva Paiva, ao relembrar os meses que antecederam sua nomeação para o quadro efetivo do Tribunal de Justiça do Amazonas, em setembro de 1984. Há 39 anos ela está lotada na Coordenadoria de Distribuição de 1º. Grau, unidade vinculada à Corregedoria-Geral de Justiça do Amazonas (CGJ-AM), sua primeira e única lotação em quase quatro décadas de história que entrelaça a vida pessoal e a trajetória profissional dentro do Judiciário amazonense.
Em janeiro de 1984, Laurineide, que é potiguar (RN) criada em Fortaleza (CE), chegou à cidade de Manaus com o marido Jandir Paiva e três filhos menores. Aos 34 anos, sem profissão definida, ela se preocupava com o futuro da família nessa nova etapa da vida. O marido, motorista de caminhão, estava doente e por isso decidiram mudar para perto dos parentes dele, que era amazonense.
Já ambientada na cidade e em busca de uma oportunidade de trabalho, uma vizinha a informou que haveria concurso para o Tribunal de Justiça, Laurineide tomou a informação como um caminho possível. Na mesma época se matriculou na Escola Estadual Sólon de Lucena para cursar o ensino médio, dando prosseguimento aos estudos 20 anos após concluir o ensino fundamental. No mesmo ano realizou as provas do certame do TJAM e foi aprovada para o cargo de Auxiliar de Serviços Gerais (Nível Fundamental). Prosseguiu com os estudos e quatro anos depois foi promovida, em conformidade com a Lei, para o cargo de Assistente Judiciário (Nível Médio), permanecendo no mesmo setor. Foi de lá que ela viu o Tribunal de Justiça crescer e a Corregedoria expandir sua atuação.
A servidora relembra que quando chegou ao TJAM, o setor de Distribuição ocupava um pequeno espaço dentro da Secretaria da Corregedoria, que funcionava no prédio onde hoje está localizado o O Museu do Judiciário do Amazonas (Mujam), antigo Centro Cultural Palácio da Justiça, na avenida Eduardo Ribeiro (próximo ao Teatro Amazonas), no Centro de Manaus. Três anos depois mudou para uma sala própria, no mesmo prédio. Em 2001, a Distribuição foi alocada no Fórum de Justiça Mário Verçosa, pois, de acordo com Laurineide, o espaço físico já não comportava a crescente demanda. Em 2004 foi para o Fórum Ministro Henoch Reis e agora está funcionando no Fórum Cível Euza Maria Naice de Vasconcellos. “Acompanhei todas essas mudanças, tanto de espaço físico quanto de pessoas que chegaram e partiram do setor, o que nunca mudou foi o clima familiar do nosso convívio em grupo”, avalia a servidora.
Laurineide guarda na memória um tempo que, para os funcionários mais recentes do Judiciário do Amazonas, nunca existiu – quando a distribuição dos processos era feita por meio de fichas numéricas de papel e um saquinho para sorteio. Dali saía o nome do magistrado que ficaria responsável pelo julgamento da lide. O resultado da escolha era manuscrito em um livro de registros do setor. Hoje o sistema é todo informatizado, não existe mais interferência humana. “É o computador que escolhe a Vara em que determinado processo vai tramitar”, ressalta a servidora, sem demonstrar qualquer surpresa com os novos tempos.
Aos 73 anos, ela não parou no tempo e foi se modernizando no mesmo compasso da CGJ/AM. Com a informatização do sistema de distribuição, ela se adaptou ao uso do computador, que hoje faz parte da rotina de vida dela, mas faz questão de dizer que nessa área não compete com os colegas mais jovens, apelidados carinhosamente de “minhas crianças”. E ela tem todo o direito de olhar os colegas de trabalho sob essa perspectiva, pois experiências e histórias não faltam, algumas, inclusive, documentadas, que ela guarda com muito carinho e com a alegria típica de quem sabe que sempre cumpriu o dever da melhor forma possível.
Depois de todo o percurso, ao olhar para trás, Laurineide emociona-se ao perceber que o que começou com uma tímida esperança, há 39 anos, hoje é motivo de gratidão. “Como funcionária pública do Judiciário do Amazonas pude criar meus filhos com dignidade, contribuí com os tratamentos de saúde do meu marido, conheci pessoas que me acolheram e me incentivaram, trabalhei pelo Amazonas, enfim, alcancei conquistas que me fazem sentir em paz e feliz”.
Agora ela começa a se preparar para o início de um novo capítulo: curtir a família que, junto ao senhor Jandir (falecido em 2014), construiu com tanto amor. De três filhos, agora já são seis netos e dois bisnetos que na próxima etapa da vida da dona Laurineide irão usufruir, por mais tempo, da sabedoria e dedicação da mulher determinada e carismática que tanto honra a nossa Corregedoria Geral de Justiça.
#PraTodosVerem: A imagem que ilustra a matéria mostra a servidora Laurineide (à direita, em pé, de cabelos curtos) posando para foto com os colegas da equipe em que trabalha na Corregedoria-Geral de Justiça do TJAM.
Texto: Dora Paula | CGJ/AM
Foto: Chico Batata
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